quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Os games e os adolescentes





Um grande preocupação existe instalada de há muito entre as famílias, escolas, sociedade de forma geral em relação aos games e os adolescentes.
Toda uma problemática vivida pelos adolescentes, como timidez, introspecção, agressividade, conflitos dão origem, na sociedade contemporânea, à fuga para a internet ou redes sociais.
Lá eles podem ser quem quiserem, afinal estão por traz das telas e ninguém sabe quem são. Vão viver na fantasia, aquilo que pensam não poder viver na realidade. A insegurança, o desconhecimento, fazem pensar dessa forma. Insegurança quanto a uma fase nova que ele vê se aproximar e teme, teme o desconhecido e a responsabilidade com trabalho, e tudo mais que uma vida adulta traz. Teme a perda dos pais protetores, provedores.
Mas hoje vamos falar especificamente dos jogos e games na internet.
O adolescente é inseguro, vive conflitos pela própria fase que está passando, então o fato de se isolar para um mundo onde ele pode escolher ser quem quiser, é muito válido para ele, uma vez que, faz com que saia da realidade e viva uma outra realidade. Ele terá ganhos no sentido de viver uma situação prazerosa saindo por um tempo daquele mal estar que esta vivenciando.
O problema como tudo na vida é o excesso. Os adolescentes estão ficando horas a fio nesses jogos, gerando prejuízos para ele.
Prejuízos em relação a viver uma vida mais real, prejuízo social ocasionando a perda do contato com amigos e colegas que vivenciam a mesma crise, prejuízo na escola. Dormem tarde e tem dificuldade em acordar cedo, chegam à escola cansados e as aulas não tem nenhum aproveitamento ficando com notas baixas e ocasionando o fracasso escolar.
Prejuízos também em relação a ficarem viciados, porque muitas vezes não são só os vídeo games, mas também outros jogos que tem na internet, podendo acarretar o vício. Isso não quer dizer que todo adolescente que faz uso do vídeo game vá se viciar, mas como saber?
Não condeno o jogos. Acho até que tais jogos trazem um certo desenvolvimento cognitivo, no sentido de acelerar o raciocínio, buscar novas estratégias.  Estou falando do excesso que anda acontecendo em relação ao tempo de uso.
Cabe aos pais o diálogo, colocar limites de horários, se necessário, mas principalmente conversar e fazer o filho vê a importância de uma vida saudável, com estudos, amigos, atividades esportivas, artísticas, enfim...Entendo que a presentificação na vida do filho mostrando a realidade desde pequeno é fundamental para esse momento.
A conscientização da importância que têm na vida dos pais, da família como um todo, deve já ter se solidificado para ele. Os filhos que entendem isso desde pequenos, não querem desagradar esses pais, porque temem perder o amor desses pais.

A participação na vida do filho deve acontecer desde que ele nasce e não quando apresenta problemas, porque aí talvez já possa ser tarde demais.
Dias atrás recebi um comentário de um jovem de 22 anos que me falava que tinha percebido que estava viciado nos jogos de vídeo games e decidiu por conta própria focar sua vida em outras coisas como musculação e música. Focar em outras atividades esportivas ou artísticas é deslocar a libido para outras atividades tão prazerosas quanto o jogo na internet. É uma saída que esse chama em psicanálise de sublimação
Fica a dica do Victor que conseguiu, por ele mesmo, perceber o vício e ter uma saída tão saudável podendo estar aqui compartilhando sua experiência.
A conscientização da importância que têm na vida dos pais, da família como um todo, deve já ter se solidificado para ele. Os filhos que entendem isso desde pequenos, não querem desagradar esses pais, porque temem perder o amor deles.
A participação na vida do filho deve acontecer desde que ele nasce e não quando apresenta problemas, porque aí talvez já possa ser tarde demais.
Dias atrás recebi um comentário de um jovem de 22 anos que me falava que tinha percebido que estava viciado nos jogos de vídeo games e decidiu por conta própria focar sua vida em outras coisas como musculação e música. Focar em outras atividades esportivas ou artísticas é deslocar a libido para outras atividades tão prazerosas quanto o jogo na internet.
Fica a dica do Victor que conseguiu, por ele mesmo, perceber o vício e ter uma saída tão saudável podendo estar aqui compartilhando sua experiência.

Liria Helena Littig

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Mulheres que amam demais



Mulheres que amam demais são aquelas que tudo fazem em nome do que chamam de amor.

Elas se entregam de tal forma à relação que entregam também seus bens materiais, emocionais, sociais e seu próprio caráter. Família, profissão, estão sempre em segundo plano, tendo em vista que em primeiro lugar está o seu amor e tudo que gira em torno dele.

Isto tudo nada tem a ver com o aspecto cognitivo, intelectual nem financeiro destas mulheres, porque elas agem apenas pelo emocional, não pela razão. Não há preocupação nem pela sua segurança física ou valores em que a pessoa permeia sua vida.

Porém não é qualquer homem que é capaz de atrair essas mulheres para tamanha paixão desvairada. É aquele homem sedutor que, percebendo a fragilidade emocional da mulher, auto estima baixa e insegurança, usam de seu charme dando para elas pequenas objetos que sabem que elas gostam e sentem -se importantes, valorizadas. Um perfume aqui, uma bijuteria ali, uma caixa de bombom lá e assim eles as conquistam ficando totalmente entregues a esse relacionamento.

A literatura psicanalítica nos fala de Camile Claudel, Marguerite Duras, Marguerite Anzieu (Aimée), descritas por Lacan como mulheres devastadas e que tiveram um trágico fim.

Lacan nos fala que a clínica mostra sua origem na infância, na relação com a mãe, mães essas que se mostraram muito exigentes de um amor pleno da filha ou mães que hostilizaram as filhas. Na vida adulta elas repetem com os companheiros essa exigência de amor pleno ou fazem tudo para sentirem-se amadas e desejadas. Perder o objeto amado é desde a infância causa de muita dor para a mulher.

A terapia pode ajudar bastante à mulher no sentido de entender esse gozo que a degrada e paraliza.


"Não há limites às concessões que cada uma faz para um homem: de seu corpo, de sua alma, de seus bens." Lacan (1973)

Liria Helena Littig

quarta-feira, 26 de julho de 2017

O jogo baleia azul

Acho interessante falar um pouco sobre esse jogo que está assustando pais, professores e todas as pessoas que cuidam de crianças, uma vez que com o avanço tecnológico, esses meninos estão na internet desde muito cedo.
O jogo tem sua origem na Rússia e se espalhou por vários países chegando até aqui no Brasil.
Adolescentes entre 12 e 23 anos estão sendo convocados ou intimados a participar de grupos fechados no watssap, Instagran ou facebook para participar do jogo.
Uma vez no grupo, eles vão em busca dos curadores, que podem ser adolescentes também, incumbidos da transmissão de cinquenta tarefas sinistras a serem realizadas pelo participante. Esses curadores são fakes que só aparecem na madrugada, perfis falsos, pessoas ameaçadoras que não permitem a não realização de tarefas, não admitem perguntas sobre elas ou o desligamento do grupo, ameaçando suas famílias.
As tarefas do dia devem ser realizadas na madrugada e consistem em cortes nos braços, lábios e palmas das mãos com estiletes e facas fazendo desenhos de baleias, procurar desavenças com outros participantes,  assistir filmes de terror na madrugada e como última tarefa o adolescente deverá cometer suicídio da forma como é determinada pelos curadores com objetivo de ganhar o jogo. Ganhar o jogo e perder a vida.
Existem grupos fechados com mais de um milhão de participantes nas redes, ou seja, já viralizou.
Muitos adolescentes entram para conhecer, outros com a intenção de ajudar fazendo os participantes desistirem.
Os adolescentes que participam são, geralmente, pessoas com auto estima baixa, conflitos normais da adolescência, espancamentos na família, pais viciados, separados, crianças molestadas ou quando a família não se faz presente na vida delas ou ainda, quando os pais sufocam com tanta presença e cobranças.
Como no bulling, de um lado existem pessoas que coagem e ameaçam com incrível sadismo e prazer no sofrimento alheio, pessoas com grande potencial de agressividade e que projetam no outro sentimentos agressivos com os quais não conseguem lidar. Pessoas de estrutura perversa ou psicopatas. De outro lado pessoas que são frágeis emocionalmente e não sabem ou não conseguem se defender.
Vejo mais uma vez a importância da família sempre presente na vida da criança, principalmente na adolescência. Mesmo sendo tão difícil lidar com toda carga emocional, hormonal dos adolescentes, não os abandonem à sorte, porque a fase é passageira e de fundamental importância em suas vidas. Façam sua parte enquanto pais, mostrando-se presentes e colocando limites.
Se a família não se fizer presente, deixará espaço para traficantes e aliciadores.
A parceria da escola também se faz no sentido de promover debates, discussões sobre qualquer tema, permitindo a fala livre dessas crianças e esclarecendo suas dúvidas.
O adolescente precisa, mais do que qualquer outro, sentir-se amado, respeitado, querido pelos familiares e grupos sociais dos quais participem.


Traição sem padrão

Esse é um assunto que sempre incomoda, independente da identidade sexual. Homem ou mulher um dia traíram ou foram traídos ou ainda pode acontecer.
Mas... pensa aqui comigo. Tem receita para se portar diante desse acontecimento?
O que vejo por aí é que cada pessoa se comporta de uma forma.
Uns terminam a relação e não querem mais saber, ou seja, nem podem ouvir falar de traição.
Já outros, dizem que perdoam e continuam a relação, dando uma segunda chance. Porém, não deixam o outro viver em paz, fazem de suas vidas um verdadeiro inferno. Desconfiam de tudo e de todos. Verificam o celular com frequência com medo da repetição do fato.
Outras vezes, dizem que tudo bem, continuam a relação, porém com a premeditação de pagar na mesma moeda, dar o troco para o outro sentir a mesma dor.
Ou seja, nas duas situações anteriores, perdoam, mas não esquecem.
Por esta razão não dá para ter um padrão de comportamento para as pessoas. Cada pessoa se comporta de acordo com sua singularidade, com seu emocional, com tudo que vivenciou até ali, com crenças e valores que permeiam sua vida.
A dor de ser traída é muito forte para ambos os sexos e a pessoa age, por vezes por puro instinto, sem nenhuma racionalidade.
Varia a percepção que cada sexo faz da traição, de acordo com suas fantasias e com os investimentos afetivos que colocaram no outro e na relação. Senão veja o que nos diz a Psicanálise.
Para o homem, a mulher representa sua fantasia, seu sintoma. A mulher é o sintoma do homem, de acordo com Lacan. Sua fantasia de posse, poder é o que a mulher representa. Ser traído é perder todo esse investimento, muitas vezes perder a própria vida, por isso muitos homens matam.
No caso de trair, a teoria nos diz, que o homem trai por insegurança, auto formação, precisam se assegurar que podem ter muitas mulheres. Afirmar sua virilidade.
Já para a mulher o que dói e machuca é o medo desde a infância que as mulheres carregam de perder o amor de sua vida. Para a mulher o homem representa o amor que muitas vezes pode ser devastador e assim sendo muitas mulheres também podem matar.
Quando trai, ela trai por sentir-se só, por carência afetiva, por sentir-se sozinha dentro da própria relação. Desamparada, infeliz, solitária, a mulher cai em qualquer sedução, barata, muita vezes.
Além dessas questões que são subjetivas, tem também a questão social, cultural, da civilização de cada país ou mesmo da região em que vive a pessoa. Há países em que é permitido ao homem ter muitas mulheres. Como também há países em que a discriminação e coação para com a mulher é assustadora no caso de submissão ao homem e pior ainda de traição. Aqui no Brasil, país machista por excelência, a mulher que trai tem outro nome.
De qualquer forma a traição se configura em perda de investimentos afetivos, fantasias, desejo e planos de uma vida a dois.
Seja qual for a saída do homem ou da mulher, deve-se lembrar que toda escolha tem uma consequência e há que se arcar com ela, sem culpabilizar a outros por sua escolha.
Ser traído ou trair se torna patológico quando existe uma repetição nos relacionamentos, isto é, ou a pessoa trai ou é traído sempre.
Deve-se buscar ajuda terapêutica nesses casos, uma vez que o fato causa perda na qualidade de vida.
Quando as pessoas têm mais conhecimento sobre si mesmas, lidam com mais racionalidade com essas e outras situações da vida, ponderam, refletem, fazem melhores escolhas.
Liria Helena Littig

Trem Bala



Gosto muito da letra dessa música porque nos fala de vida, de pessoas, de comportamentos, de relacionamentos, de gente. Gosto de gente, apesar de...

Não é sobre ter
Todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar
Alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar
Mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida
Que cai sobre nós

É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito
É saber sonhar
E, então, fazer valer a pena cada verso
Daquele poema sobre acreditar

Não é sobre chegar no topo do mundo
E saber que venceu
É sobre escalar e sentir
Que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo
E também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo
Em todas as situações

A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe
Pra perto de mim

Não é sobre tudo que o seu dinheiro
É capaz de comprar
E sim sobre cada momento
Sorrindo a se compartilhar
Também não é sobre correr
Contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera
A vida já ficou pra trás

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça teus pais
Enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir

Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça teus pais
Enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir

Dia dos avós






Sempre somos nomeados por um alguém

Um dia, ficamos sabendo que somos filhos ou filhas de alguém.


Mais tarde somos chamados pais e mães por um pequeno alguém muito querido e desejado

Muito tempo depois alguém também muito pequenino nos nomeia avós e às vezes nem estamos preparados ainda, mas... Quem está preparado para alguma coisa? A vida é só surpresa!

E assim seguimos com alguém sempre dizendo de nós, nos colocando num lugar que muitas vezes nem esperamos... Ah, as surpresas da vida!

Ser avó é de todas as nomeações a mais especial.

Especial porque não temos obrigações, responsabilidades, compromissos, pelo menos nem sempre, pelo menos no geral... Só de vez em quando.

Tudo é somente brincadeira, farra, alegria, prazer, curtição. Bom demais!

E seguimos nos acomodando nestes lugares, procurando fazer o melhor, procurando dar o melhor de nós mesmos. Claro que nem sempre conseguimos, mas a vida é também aprendizado.

Aprende-se a ser filho, homem, mulher, estudante, pai, mãe, irmão, profissional, avó.

Feliz Dia da Avó a quem é e àquela que um dia será!!

Liria Helena Littig

Filho é para quem pode


Gosto muito desse texto, porque foge ao pensamento geral de amor incondicional na relação pais e filhos, mantendo-se dessa forma bem autêntico e dentro da realidade, sem fantasias.

por Mônica Montone (escritora)

Filho é para quem pode! Eu não posso! Apesar de ser biologicamente saudável.

Não posso porque desconheço o poço sem fundo das minhas vontades, porque às vezes sou meio dona da verdade e porque não acredito que um filho há de me resgatar daquilo que não entendo ou não aceito em mim.

Acredito que a convivência é um exercício que nos eleva e nos torna melhores, mas esperar que um filho reflita a imagem que sonhamos ter é, no mínimo, crueldade.

Não há garantias de amor eterno e o olhar de um filho não é um vestido de seda azul ou um terno com corte ideal. Gerar um fruto com o único intuito de ser perfumada por ele no futuro é praticamente assinar uma sentença de sal.

Filhos não são pílulas contra a monotonia, pílulas da salvação de uma vida vazia e sem sentido, pílula “trago seu marido de volta em nove meses”.

Penso que antes de cogitar a hipótese de engravidar, toda mulher deveria se perguntar: eu sou capaz de aceitar que, apesar de dar a luz a um ser, ele não será um pedaço de mim e, portanto, não deverá ser igual a mim? Eu sou capaz de me fazer feliz sem que alguém esteja ao meu lado? Eu sou capaz de abrir mão de determinadas coisas em minha vida sem depois cobrar? Eu sou capaz de dizer “não”? Eu quero, mesmo, ter um filho, ou simplesmente aprendi que é para isso que nascemos: para constituir uma família?

Muitas das pessoas que conheço estão neurotizadas por conta de suas relações com as mães. Em geral, são mães carentes que exigem afeto e demonstração de amor integral para se sentirem bem e, quando não recebem, martirizam os filhos com chantagens, críticas e cobranças.

As mães podem ser um céu de brigadeiro ou um inferno de sal. Elas podem adoçar a vida dos filhos ou transformar essas vidas numa batalha diária cheia de lágrimas, culpas e opressões.

Eu, por exemplo, não consigo ser um céu de brigadeiro nem para mim mesma, quiçá para uma pessoinha que vai me tirar o juízo madrugadas adentro, e, honestamente, acho injusto colocar uma criança no mundo já com essa missão no lombo: fazer a mamãe crescer

Dar a luz a um bebê é fácil, difícil é ser mãe da própria vida e iluminar as próprias escuridões